'Vim para a Ucrânia como voluntário com a promessa de trabalhar com tecnologia militar', diz paranaense que tenta deixar a guerra
28/07/2025
(Foto: Reprodução) Paranaense quer deixar guerra na Ucrânia, mas contrato exige seis meses de treinamento
O paranaense Lucas Felype Vieira, de 20 anos, diz ter sido enganado ao se alistar como voluntário para atuar na guerra da Ucrânia. Natural de Francisco Beltrão, no sudoeste do Paraná, ele viajou ao país europeu em maio deste ano sob a promessa de trabalhar com tecnologia militar, especialmente com drones.
"Vi um vídeo na internet que mostrava que dava para atuar com drones na guerra. Isso me interessou porque é uma área que gosto. Também queria uma oportunidade de recomeçar", disse ao g1.
Lucas conta que, antes da decisão, trabalhava no Brasil em turnos da madrugada, na escala 6x1 e enfrentava um período difícil após a morte da mãe, no fim do ano passado.
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"Foi extremamente triste para mim. Ela me criou praticamente sozinha. Depois que ela se foi, comecei a questionar o sentido da vida", afirmou.
Com isso, optou por se alistar. Passou por entrevistas ainda no Brasil e foi aprovado. Segundo ele, todo o processo foi focado na área militar, especialmente na tecnologia. "Não falamos muito sobre outras questões da guerra", disse.
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Ao chegar à Ucrânia, Lucas afirma ter encontrado uma realidade diferente de trabalho. Após os treinamentos iniciais, Lucas foi realocado para um batalhão de infantaria em Kharkiv, uma das regiões mais afetadas pelo conflito com a Rússia.
"Vim para a Ucrânia como voluntário com a promessa de trabalhar com tecnologia militar, principalmente na área de drones. Desde que cheguei, tudo mudou. Estão me empurrando para funções de infantaria. Disseram que é treinamento, mas não acredito mais nisso. Estão colocando uma arma na minha mão e me levando para uma zona de guerra sem meu consentimento", afirmou em vídeo publicado nas redes sociais.
Jovem quer desistir da guerra e voltar ao Brasil
Lucas conta que quer voltar ao Brasil, mas o contrato assinado com o Ministério da Defesa da Ucrânia estabelece um período mínimo de seis meses de permanência, o que o impede de sair do país antes do fim do treinamento.
Ele procurou a Embaixada do Brasil em Kiev, mas foi informado de que as autoridades brasileiras não podem interferir no caso.
O g1 entrou em contato com a Embaixada e com o Ministério das Relações Exteriores, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
Lucas compartilha nas redes sociais medo de ir para linha de frente do conflito
Arquivo pessoal
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A guerra na Ucrânia começou em fevereiro de 2022, quando o presidente russo, Vladimir Putin, autorizou uma ofensiva militar contra o território ucraniano. Desde então, o conflito provocou milhares de mortes, milhões de refugiados e intensos combates, especialmente no leste e sul do país.
A Ucrânia conta com apoio militar, financeiro e humanitário de países ocidentais, como os Estados Unidos e a União Europeia. A Rússia, por outro lado, enfrenta sanções econômicas internacionais. Até hoje, não há perspectiva concreta de fim do conflito.
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